Contos De Criptas

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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Janela

Finalmente em casa depois de um longo dia de trabalho, após concluir um projeto que meu chefe estava me pressionando para fazer, posso descansar. Vai ser bom mas, a parte que mais me empolga é poder ver meu filho de novo! Finalmente venci a briga judicial com minha esposa para conseguir a custódia dele e agora vou finalmente poder cuidar dele. Arrumei meu quarto extra e deixei praticamente vazio, só com o básico, para decorarmos juntos depois, como ele preferisse. Depois do jantar estava subindo as escadas e quando ele ouviu que eu o fazia, me chamou de seu quarto:

"Papai, não posso dormir, tem um monstro na janela!"

Monstro, bem original pra uma criança.

"Ah, não se preocupe, são só os galhos da árvore no vento. Está vendo?"


Mostrei a ele os galhos e ele confiou em mim o suficiente para voltar a dormir. Dei-lhe um beijo de boa noite. Finalmente, hora de dormir. Mal podia ver meus passos, me arrastei até a cama e fiquei pensando em ter que lidar com monstros sendo que amanhã teria de matriculá-lo, comprar roupas de escola, fazer compras... não conseguia colocar os pensamentos em ordem, precisava dormir. Foi então que ele me chamou de novo. Cara, eu adoro esse moleque, mas eu precisava de um pouco de sono!

"Papai, o monstro voltou!" ele praticamente ganiu com medo.

Olhei pela janela: Não, nada além dos galhos da árvore. Fui até lá e abri a janela, provei que não havia nada, só galhos.

"Eu te disse, vá dormir, amanhã temos que acordar cedo."

Ele ainda estava meio incerto pelo que vi, mas o que eu podia fazer, estava cansado demais. De novo, fui até o conforto de minha cama, me deitei, e ouvi seu choro. Foi o basta para mim.

"Tá, eu vou deitar com você e caso veja o monstro basta se agarrar forte em mim."

Voltei ao seu quarto, puxei seu cobertor vermelho e deitei do lado da criança.

Ali deitado, de olhos fechados, comecei a pensar. Eu não tinha comprado lençóis brancos? Olhei meu filho e vi seu pescoço ensanguentado. Foi aí que ouvi o monstro, agora não estava batendo no vidro, mas a alguns passos da janela, dentro do quarto. Não pude fazer nada além de rir. Como não havia percebido que não haviam árvores no meu próprio jardim?

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